Tomates, porcos e seres humanos
Disciplina: Língua Portuguesa/Literatura
Ciclo: Ensino Médio
Assunto: Linguagens verbal e visual; gêneros textuais: documentário; argumentação Tipo: Filme
A força do curta-metragem “Ilha das Flores”
(1989), além, evidentemente, do tema humano e social, reside numa estratégia
argumentativa que seduz e engana o telespectador, que não consegue perceber o
tema verdadeiro do filme, só revelado pelo diretor, Jorge Furtado, nos
instantes finais, depois de vertiginosa sucessão de imagens.
A sugestão de aplicabilidade agora desenvolvida
pretende ilustrar possibilidades outras além das tradicionais que o filme
suscita e abrange áreas da linguagem e leitura de texto verbal e visual.
Narrado numa linguagem de documentário, o filme
pretende um tom de neutralidade. É exatamente esse tom asséptico e
pretensamente didático que é responsável por desencadear a carga emotiva do
filme, já que entra em contradição com as imagens, gerando uma constante
quebra de expectativa.
Sugestões de atividade:
·
Trabalhar gêneros textuais: Seria interessante
discutir, antes do dia da projeção do curta, o que seria um documentário.
Após a projeção, discute-se se “Ilha das Flores” é um documentário e qual a especificidade desse gênero.
·
Antes de iniciar a projeção, seria interessante estimular
a curiosidade dos alunos, propondo algo como: O que há em comum entre
tomates, porcos e seres humanos?
Ao final, buscar as diferenças e semelhanças
entre tomates, porcos e seres humanos, resgatando as respostas iniciais e
confrontando-as.
·
Algumas perguntas com relação ao objetivo do
filme:
Qual o propósito do diretor ao avisar, antes do início da história? - Este filme não é ficção - Esta não é a sua vida - Deus não existe
Solicitar, também, que sejam identificados os
questionamentos que estão por trás da trajetória do tomate, do momento em que
é plantado até chegar ao lixo.
Proposta
lúdica. A turma deverá ser dividida em grupos, para
representarem em forma de teatro as cenas que melhor representam o filme.(
ideia da aluna Celielza da Silva Gomes Araujo)
·
Com relação às linguagens verbal e visual, chamar
a atenção para a contradição que existe entre a linguagem verbal, a narração,
a voz “oficial” e a linguagem visual, imagética e sonora, relação permeada
pela ironia. Clique aqui e veja alguns exemplos.
·
Quanto à argumentação – O documentário é um texto argumentativo que pretende levar seu receptor a uma
determinada conclusão. Seria interessante levar os alunos a identificar qual
seria a tese, os argumentos e as estratégias desenvolvidas em Ilha.
É interessante notar que há um discurso
pretensamente científico, que se caracterizaria como argumento de
“autoridade”; a cada novo elemento do filme, o narrador emite um conceito
que, embora correto, apresenta uma visão inusitada, estranha, diferente do
tradicional. Clique aqui e veja alguns exemplos.
Entre as estratégias argumentativas usadas com a
finalidade de convencer, temos a argumentação pelo absurdo, que se
revela na contradição entre texto narrado e imagem, pela ironia desvendada
nessa relação.
Assim, ao final do percurso
narrativo-argumentativo, Jorge Furtado conclui sua história: “O que coloca
os (os seres humanos) abaixo dos porcos é o fato de não terem dinheiro nem
dono.” E encerra acrescentando um dado à definição de ser humano: “o
ser humano se diferencia dos outros animais pelo telencéfalo altamente
desenvolvido, pelo polegar opositor e por ser livre“.
Recorrendo à definição do dicionário: “Livre é
o estado daquele que tem liberdade”. Para completar com Cecília
Meirelles: “Liberdade é uma palavra que o sonho humano alimenta que
não há ninguém que explique e ninguém que não entenda“. Na tela, o que
vemos é a miséria e sofrimento de seres humanos, que vivem em condições
piores que porcos.
Este texto foi adaptado do original publicado no Porta
Curtas. Para acessar o texto original, clique aqui
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Texto Original: Maria Salete Prado Soares
Edição: EducaRede
Atividade enviada por CELIELZA DA SILVA GOMES ARAUJO
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