quarta-feira, 30 de novembro de 2016

Atividade de análise e produção textual

Texto: Elefantes



Meu primeiro dia na escola foi bem ruim. Hoje em dia as crianças não sabem direito como é o primeiro dia em que a gente entra na escola. Elas começam muito pequenas, com três anos estão no maternal. Comigo foi diferente. Eu já era meio grande. Tinha seis anos.
Imagine. Seis anos. Quer dizer que, desde que eu nasci, até ter seis anos, eu ficava em casa. Sem fazer nada.  Brincava um pouco.  Mas meus irmãos eram muito mais velhos, e criei o costume de brincar sozinho. Era meio chato.
Até que chegou o dia de entrar na escola. Minha mãe foi logo avisando.
— Olha Marcelo. Lá na escola, não pode ficar falando palavra feia. Bunda, cocô, xixi. Não usa essas palavras.
Tocaram a buzina. Era o ônibus da escola.
Eu estava de uniforme. Calça curta azul, camisa branca.
Eu tinha uma camisa branca que me dava sorte. Era uma com uma pintinha no colarinho. Gostava daquela pintinha preta. Mas no primeiro dia de aula justo essa camisa tinha ido lavar. Fui com outra. Que não dava sorte.
Bom, daí a aula começou, teve o recreio, eu não conhecia ninguém, tirei um sanduíche da lancheira, o lanche sempre ficava com um gosto de plástico por causa da lancheira, mas eu não sabia disso ainda, porque era a primeira vez que eu usava lancheira, então tocou o sinal e fui de novo para a classe.
Até que deu certo no começo. A professora explicou alguma coisa sobre os elefantes. Falou que eles tinham dentes grandes, e que esses dentes eram muito valiosos.
Então ela perguntou:
— Alguém sabe qual o nome dos dentes do elefante?
Ou melhor, ela falou assim:
— Alguém sabe para que servem os dentes do elefante?
Vai ver que ela queria perguntar: "Qual o material precioso que é  tirado  das  presas  do elefante?".
O fato é que eu sabia a resposta, e gritei:
— O marfim!
A professora me olhou muito contente.  Os meus colegas também me olharam, mas não pareciam tão contentes.
Ela brincou:
— Puxa, você está afiado, hein?
Eu não respondi, mas fiquei inchado  de  alegria,  como  se  fosse  um  elefantezinho.  Dentes afiados.
Tinha sido um bom começo.
Mas aí vieram os problemas.
Fui ficando com a maior vontade de fazer xixi.
Segurei.
A professora continuava a falar sobre os elefantes.
Assunto mais louco para um primeiro dia de aula.
E a vontade de fazer xixi ia aumentando.
Cruzar as pernas não adianta nessa hora.
Olhei para um coleguinha no banco da frente. Tive inveja dele. Ele estava ali, tranquilo. Sem nenhum aperto. Como é que seria estar no lugar dele? Pedir para ser ele, pedir emprestado o corpo dele por algum tempo? Como alguém pode ficar sem vontade de fazer xixi? Sem nem pensar no problema?
Eu estava ficando meio desesperado.  Eu era meio tímido também.  Levantei a mão.  A professora perguntou o que eu queria.
— Posso ir no banheiro?
— Espere um pouco, tá?
Ela devia estar achando muito importante aquela história toda sobre elefantes. Começou a explicar como os elefantes bebiam água. Eles enchiam a tromba, seguravam bem, e daí chuáá...
Levantei a mão de novo.
— Preciso ir no banheiro, professora...
Ela nem respondeu. Fez só um gesto com a mão. Para eu esperar mais.
Na certa, ela estava pensando que, no primeiro dia de aula, é importante não facilitar. Não dar moleza. Devia imaginar que todo mundo inventa que quer ir ao banheiro só para passear um pouco e não ficar ali assistindo aula.
Professora mais chata.
Levantei a mão pela terceira vez.
Eu realmente não aguentava mais.
Só que a professora nem precisou responder.
Tinha tocado o sinal. Fim da aula.
Era só correr até o banheiro.
Levantei da carteira. A gente era obrigado a sair em fila.
Faltava pouco.
Claro que não deu.
Fiz o maior xixi. Dentro da classe.
Logo eu, que nunca fui de fazer grandes xixis.  Mas aquele foi fenomenal.  Parecia um elefante. Coisa de fazer barulho no chão. Chuáá...
A professora chegou perto de mim.
— Você estava apertado? Por que não me avisou?
Eu não soube o que responder. Mas entendi algumas coisas.
A coisa mais óbvia é que, quando você tem vontade de fazer xixi, vai e faz. Coisa mais chata é ficar pedindo para alguém deixar a gente ir ao banheiro. Banheiro é assunto meu.
Outra coisa é que as pessoas, em geral, não ligam para o que a gente está sentindo. Para mim a vontade de fazer xixi era a coisa mais importante do mundo. Para a professora, a coisa mais importante do mundo era ficar falando de elefantes.
É como se cada pessoa tivesse um filme dentro da cabeça. E só prestasse atenção nesse filme. Filme dos elefantes, filme do xixi.
Mais uma coisa. Quando a gente precisa muito, a gente tem de gritar para valer. Eu devia ter gritado:
— Professora, tenho de fazer xixi.
Ou, se quisesse evitar a palavra feia:
— Professora, tenho absoluta urgência de urinar.
Não seria bonito, mas até que seria certo dizer:
— Vou dar uma mijada, pô                   .
Mas o pior é ficar levantando a mão e dizendo baixinho:
— Professora, posso ir no banheiro?
Vai ver que eu estava falando tão baixo que ela nem escutou.
As pessoas nunca escutam muito bem o que a gente diz.
Uma última coisa.
Aquele xixi não teve importância nenhuma. Eu fiquei envergonhado. Ainda mais no primeiro dia de aula.  Só que, alguns dias depois, o vexame tinha passado.  Tudo ficou normal.  Tive amigos e inimigos na classe, fiz lição,  respondi  chamada,  e  nem  a  professora,  nem  meus amigos, nem meus inimigos, ninguém se lembrou do meu xixi.
Sabe por quê? É porque já estava passando outro filme na cabeça deles. Cada pessoa tem outras coisas em que pensar: a briga que os pais estão tendo, o irmão mais velho que é chato, o presente que vai ganhar de aniversário...
Só eu liguei de verdade para o caso do xixi. As outras pessoas estão sempre tratando de assuntos mais sérios. Elefantes, por exemplo.

Marcelo Coelho

Com o texto “Elefantes”, de Marcelo Coelho, trabalharei a organização da narrativa por meio de segmentação.
Pedir que os alunos leiam o texto silenciosamente.
Depois de verificar que não há dúvidas no entendimento, explicar que o texto lido tem começo, meio e fim, como na maioria das narrativas. A ordem do texto é estabelecida por “pedaços” que se organizam de acordo com a sequencia dos fatos, pelas relações entre eles e por certas palavras que funcionam como pistas para o leitor, por exemplo: “Imagine. Seis anos.”; “Até que chegou o dia...”; “Mas aí vieram os problemas.”, a sequencia de conclusões “A coisa mais óbvia...”, “Outra coisa é que...”, “Mais uma coisa”.
Escrever o início e o final do primeiro segmento para que a turma tenha um exemplo de como fazer o exercício. Após a correção, propor a produção do texto. Se algum aluno não se lembrar do primeiro dia em que foi à escola, sugerir que ele conte um fato marcante que aconteceu com ele. Ressaltar que a organização do texto deve ser semelhante à de Marcelo Coelho. Tal observação é importante para que os alunos construam seu texto orientando-se por um exemplo de qualidade. É desejável que a primeira versão do texto seja escrita em papel de rascunho, pois os alunos deverão, posteriormente, fazer a revisão. Convide “voluntários” para ler o texto que criaram e incentive comentários.

Objetivos:
·         Perceber a organização do texto narrativo por meio de segmentação.
·         Produzir narrativa de memórias com organização semelhante à do texto estudado.

O texto “Elefantes” será dividido em segmentos, que correspondem às partes que o compõem.

ATIVIDADE
1. Indique o trecho que faz parte de cada segmento, escrevendo suas palavras iniciais e finais:
SEGMENTOS
TRECHOS
Comentários do narrador sobre a idade de entrar na escola e sobre seu período pré-escolar.

Ida para a escola.

Inicio da aula e aparecimento do problema.

Narração do desenvolvimento do problema.

Comentários do narrador sobre o problema


2. Produzir um texto sobre o seu primeiro dia de aula na escola, ou sobre outro dia qualquer em que aconteceu um fato marcante com você na escola.
Organizar o texto usando os mesmos segmentos que o de Marcelo Coelho, isto é, contando:
a) O que fazia antes de ter idade de ir à escola?
b) Como foi o primeiro dia de aula?
c) Que fato chamou sua atenção?
 d) Como ocorreu o fato?
e) O que você achou do fato, o que pensa sobre isso?

AVALIAÇÃO

Os alunos serão avaliados através da produção textual, apresentação do texto aos colegas e professora.
Esta atividade será individual e terá peso 3,0.



Autora: Andréa Oliveira de Santana

terça-feira, 29 de novembro de 2016

Atividade de Análise Textual

ATIVIDADE DE ANÁLISE TEXTUAL
A seguir apresenta-se o texto de uma redação de vestibular intitulada Vestibular dos Preconceitos. Nesta atividade, o estudante vai tentar identificar os efeitos de sentido que os marcadores argumentativos (sublinhados e destacados em negrito) assumem no texto, no que se refere à adesão do leitor.
Vestibular dos preconceitos
Nos últimos vestibulares (2003/2004), a Universidade Estadual do Estado do Rio de Janeiro - UERJ - implantou o tão polêmico sistema de cotas, que garante cinquenta por cento das vagas para os alunos negros e também para os alunos oriundos da rede pública de ensino.
Logo no primeiro ano de implantação desse projeto houve diversos impasses. Dentre eles, o questionamento dos vestibulandos da rede particular de ensino, que se sentiram lesados com a lei. Por outro lado, milhares de estudantes sem condições de uma competição com equidade de conhecimentos foram beneficiados com as cotas. Surge então a polêmica: será que esta lei realmente resolve o problema do ensino gratuito?
Sabe-se que a qualidade da educação pública no Brasil possui várias deficiências em sua infraestrutura. Falta de docentes e funcionários, métodos de ensino ultrapassados, são alguns dos problemas que fazem parte da realidade da rede pública de ensino. Muitos educandos são provenientes da classe média baixa, portanto, optam, na sua grande maioria, pelo ensino técnico, deixando de cursar algumas matérias fundamentais para a formação básica do indivíduo.
Nesse caso, o estudante que almeja cursar uma boa faculdade não tem outra escolha senão fazer um cursinho preparatório, que são dispendiosos para esta classe. Felizmente, podem contar com a solidariedade de muitos que como ele também viveram tais circunstâncias quando se propuseram a ingressar numa faculdade. Recorrem, então, aos Pré-Vestibulares Comunitários, que são uma boa opção para quem não possui recursos financeiros para custear cursos privados.
Além do mais, quando apesar das dificuldades o discente consegue garantir uma vaga no ensino superior, surge um outro agravante, como custear os estudos durante a graduação? O governo, nas suas boas intenções, dispõe ao aluno uma bolsa de R$ 190,00 para ajudá-lo nas despesas, considerando que esta quantia seja suficiente para o transporte, a compra de livros para a alimentação, para pagar os cursos, palestras e seminários extracurriculares...
Constata-se, então, que essa lei não passa de um instrumento para amenizar o grande abismo do ensino público brasileiro e que não corresponde a uma realidade realmente funcional para os vestibulandos. Dessa forma, não é uma solução adequada, mas apenas imediata, ou pelo menos esperamos que seja...

AVALIAÇÃO:
 Esse trabalho tem o valor de 4 pontos. A atividade deverá ser realizada em duplas, Que podem dialogar de forma particiaptiva e lúdica com as demais, para um trabalho mais rico.


AUTORA DA ATIVIDADE- ADAY DA PAIXÃO LIMA SANTOS

Atividade de Produção Textual


ATIVIDADE DE PRODUÇÃO TEXTUAL
  

Na produção textual, vamos continuar trabalhando com o assunto polêmico das COTAS PARA AFRODESCENDENTES NAS UNIVERSIDADES PÚBLICAS. Agora, entretanto, vamos a uma atividade de produção textual do gênero textual argumentativo Carta do leitor. Além da exposição do professor, os estudantes também dispõem da internet para fazer pesquisas sobre o gênero em questão.
 A carta do leitor que vão escrever terá como base a reportagem de capa da revista Veja de 06 de junho de 2007: “Gêmeos idênticos, Alex e Alan foram considerados pelo mesmo sistema de cotas como BRANCO e NEGRO. É mais uma prova de que RAÇA NÃO EXISTE.”  A reportagem questiona a validade das cotas para afrodescentes em universidades públicas, destacando que, segundo a genética, raça não existe e que a política de cotas em universidades públicas representa a oficialização da discriminação racial no Brasil.
 
Após a leitura dessa reportagem, o estudante deve escrever uma carta do leitor posicionando-se, isto é, expressando seu ponto de vista sobre o que leu na reportagem da revista. Na carta, ele pode concordar com as idéias do colunista ou discordar delas, elogiar, criticar a matéria, ou mesmo acrescentar informações e reflexões sobre o assunto. Para isso, vai utilizar alguns dos operadores argumentativos estudados.

 AVALIAÇÃO:

Esse trabalho tem o valor de 5 pontos. A atividade deverá ser realizada individualmente. Sendo que aturma poderá promover encontros para discutir a respeito de forma coperativa e lúdica, e daí fazerem suas produções.


AUTORA DA ATIVIDADE - JULIANA LIMA SANTOS

Atividade Questões de Interpretação de Texto

A ARTE DE SER FELIZ

Houve um tempo em que minha janela se abria sobre uma cidade que parecia ser feita de giz.
Perto da janela havia um pequeno jardim quase seco.
Era uma época de estiagem, de terra esfarelada, e o jardim parecia morto.
Mas todas as manhãs vinha um pobre com um balde, e, em silêncio, ia atirando com a mão umas gotas de água sobre as plantas.
Não era uma rega: era uma espécie de aspersão ritual, para que o jardim não morresse.
E eu olhava para as plantas, para o homem, para as gotas de água que caíam de
seus dedos magros e meu coração ficava completamente feliz.
Às vezes abro a janela e encontro o jasmineiro em flor.
Outras vezes encontro nuvens espessas.
Avisto crianças que vão para a escola.
Pardais que pulam pelo muro.
Gatos que abrem e fecham os olhos, sonhando com pardais.
Borboletas brancas, duas a duas, como refletidas no espelho do ar.
Marimbondos que sempre me parecem personagens de Lope de Vega.
Ás vezes, um galo canta.
Às vezes, um avião passa.
Tudo está certo, no seu lugar, cumprindo o seu destino.
E eu me sinto completamente feliz.
Mas, quando falo dessas pequenas felicidades certas,
que estão diante de cada janela, uns dizem que essas coisas não existem,
outros que só existem diante das minhas janelas, e outros,
finalmente, que é preciso aprender a olhar, para poder vê-las assim.

Cecília Meireles

Questões de Interpretação de Texto

1 – No trecho ” E eu olhava para as plantas, para o homem, para as gotas de água que caíam de seus dedos magros e meu coração ficava completamente feliz.” A autora retrata uma imensa felicidade motivada pela atitude do homem. Por que isso deixava a poetisa feliz?
2 – Observando ao seu redor a cidade, a autora diz que “Tudo está certo, no seu lugar, cumprindo o seu destino.” Explique:
3 – Segundo o escritor Henry Ward Beecher, “A arte de ser feliz está no poder de extrair felicidade de coisas comuns.”  Esta citação vem de acordo ao expressado no poema de Cecília Meireles?
4 – Ao vir para a escola você já reparou no mundo ao seu redor? Que imagens ou atitudes te fazem sentir-se feliz como a autora?
5- Descreva uma situação vista em seu cotidiano na qual acredita ser uma situação diferente e capaz de transforma uma sociedade.
6- Contextualização com a turma.


Autora: Fernanda Maia

Atividade com o filme Escritores da Liberdade


Sinopse do filme:
O filme retrata conflitos: como o racismo, a fúria de um poder sobre os mais fracos, onde essas pessoas passaram por sofrimentos terríveis. Quando então chega uma nova professora que com todas as dificuldades encontradas luta de corpo e alma para resolver todas essas questões, questões essa que acontece no dia a dia nas salas de aulas, os problemas são muitos e às vezes ficamos aterrorizados com tantas indisciplinas presenciadas, vividas e não sabemos o que fazer. Já no filme a professora consegue de forma valente e humilde fazendo com que buscasse o interior do aluno as problemática e conseguiu trazer os alunos para uma sociedade mais justa. O diretor do filme soube com simplicidade conduzir a história até o fim. O filme mostra também que através da leitura e da escrita do diálogo a professora consegue essas transformações.

Atividade com o filme escritores da liberdade
Após assistirmos o filme “Escritores da Liberdade” faremos algumas atividades. 1) vocês devem escrever por 5 minutos expressando suas emoções e sentimentos sobre o filme. É uma escrita livre.
2) vocês devem postar um comentário no blog com as respostas para a seguinte proposta:
a) escrever uma resenha do filme que deve conter um breve resumo da história e uma avaliação do autor da resenha sobre o conteúdo abordado pelo filme. Nesse aspecto, pede-se ao autor que enfatize a questão do letramento , uma vez que vários temas são abordados no filme. Espera-se um posicionamento crítico do autor.
3) ao terminar os itens acima, os alunos devem ler as resenhas que os colegas postaram no blog.

4) discussão em sala.

Autora da atividade: Maíra Carvalho