SEQUÊNCIA DIDÁTICA
Objetivo:
Identificar recursos usados na construção de um
ponto de vista em notícia.
Conteúdo:
Leitura crítica de texto da esfera jornalística
(notícia).
Ano:
7º
Tempo
estimado:
02 aulas
Material
necessário:
- Equipamento para projeção de vídeo "Propaganda da Folha de S. Paulo";
- Cópias da notícia "Mais twitter, menos tradição", publicada no jornal Folha de S. Paulo de 9 de maio de 2011, no caderno Folhateen.
Desenvolvimento:
1ª etapa:
Para abordar a percepção do senso comum sobre a
relação entre notícia e verdade, apresentar para a turma o vídeo que mostra a
propaganda de um jornal, produzida no final dos anos 1980. Perguntar aos alunos
o que ela sugere a respeito da divulgação de informação.
Instigar a turma a refletir sobre os procedimentos
que eles próprios põem em prática quando precisam relatar episódios
desagradáveis em que se envolveram e não podem (ou não querem) mentir a
respeito deles. Ver se eles reconhecem como expedientes comuns nesses casos a
escolha de palavras e omissão de detalhes, por exemplo.
Propor a seguinte questão: mesmo que um
episódio não envolva temas delicados, que precisem ser disfarçados, eles é
contado da mesma forma por pessoas diferentes? Encaminhar a discussão de modo a
indicar que a influência do ponto de vista é inevitável nos relatos, mas que há
diferentes graus de subjetividade.
2ª etapa:
Apresentar a notícia "Mais twitter, menos
tradição", publicada no caderno Folhateen do jornal Folha de S. Paulo, e convidar
os alunos a analisar como o ponto de vista se manifesta no caso desse texto.
Primeiramente, certificar- se de que todos conhecem o caderno e seu público
provável, pois a imagem que o enunciador tem do suposto leitor influencia as
escolhas que são feitas.
Pedir que os estudantes leiam apenas os títulos e
os olhos (frases em destaque) da notícia e que falem o que essa sequência de
informações os leva a supor sobre o conteúdo da reportagem. Associe a leitura
rápida que acabaram de fazer ao comportamento típico do leitor de jornal.
Lembre de que a leitura convencional do jornal é mais apressada, diferente da
que ocorre quando ele é lido na sala de aula. Solicite que expliquem o motivo
da pressa.
Propor a seguinte reflexão: quem produz jornal tem
consciência disso? Quem produz jornal pode criar títulos e frases em destaque
com base nisso? As escolhas de títulos e frases em destaque, motivadas pela
consciência dessa atitude do leitor, comprometeriam a imparcialidade da
notícia?
3ª etapa:
Abordar as escolhas lexicais e a modalização do
discurso. Apresente as questões abaixo para promover a discussão:
a) Nos dois
primeiros parágrafos do texto, que palavras associam o ritual a um sacrifício?
b) Compare estas frases: "Trata-se de um dos rituais de iniciação na vida adulta" e "Trata-se de apenas um dos dolorosos rituais de iniciação na vida adulta" (frase original). Que ponto de vista se cria com o uso das palavras destacadas? Ele é comprovado no texto? Por meio de quais dados?
c) Que ideia sobre o assunto esses recursos ajudam o leitor a criar?
d) A palavra "agora" (empregada no segundo parágrafo) refere-se a qual ação dos índios? Verifique se a turma aponta que o termo deixa implícita a noção de que "antes" isso não acontecia. Questione que circunstância da vida dos indígenas possibilitou essa mudança.
e) Que outras escolhas lexicais, ao longo do texto, dão pistas importantes sobre o ponto de vista assumido? Elas podem estar na fala dos entrevistados.
4ª etapa:
Passar à análise das pessoas ouvidas. Solicite aos
alunos que identifiquem quem são e que digam se elas representam posições
variadas dentro do assunto. Discuta com a turma: quando concederam entrevista,
essas pessoas provavelmente falaram apenas o que está citado? Fale um pouco
sobre a necessidade de se fazer recortes e sobre como isso influencia a visão
que esses depoimentos geraram em quem lê. Para facilitar, desenhe na lousa um
quadro como o que segue abaixo e complete com os dados levantados pela turma.
Entrevistado
|
Identidade
|
Ideia ressaltada no depoimento
|
Mutuá
|
Indígena, 13 anos
|
|
Kumaré Ikpeng
|
Líder indígena
|
|
Sofia Madeira
|
Antropóloga, doutoranda
|
|
Sofia Mendonça
|
Médica, antropóloga
|
|
Indagar sobre os verbos dicendi (admitir,
argumentar e dizer) associados às falas e o caráter que eles dão ao que é
citado. Auxilie a turma a concluir sobre o ponto de vista que se cria com esse
uso.
5ª etapa:
Destacar o uso do conectivo porém, empregado três vezes no
texto. Peça que os alunos relacionem as ideias que ele opõe em cada caso e
oriente-os a indicar qual delas fica ressaltada. Se necessário, exemplifique
com as frases: "Fulano é um bom jogador, mas é violento" e
"Fulano é violento, mas é um bom jogador".
6ª etapa:
Reunir os elementos analisados: ideias ressaltadas
nos títulos e frases em destaque na reportagem, escolhas lexicais, vozes
presentes, ideias marcadas e avalie com a turma que ponto de vista transparece
sobre a nova realidade dos jovens indígenas.
Perguntar sobre a visão pessoal que os estudantes
têm sobre esse ponto de vista. Converse sobre como a presença de uma posição é
inerente a todo texto e que o leitor pode, lendo fontes diversas, construir a
sua.
Reforçar
que, para isso, ele precisa ler criticamente.
Avaliação:
Analisar as constatações dos alunos ao longo da
discussão sobre essa notícia. Propor outras notícias para que eles realizem
análises pessoais.
Verificar se
o trabalho dirigido a recursos específicos proporcionou estratégias de leitura
aos estudantes.
Disponível
em:
Aluna: Jeane dos Reis
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